Obsessão Espiritual II



5. Obsessão de Crianças

É sabido que toda criança reencarnada possui um anjo tutelar, que fica muito próximo até que seu corpo astral se adapte à nova encarnação. Isso acontece até os 7 anos de idade.

Isso não quer dizer que nada de ruim acontece até os 7 anos, simplesmente existe um espírito amigo muito próximo, que inspira pais e parentes para auxiliar no desenvolvimento sadio da criança.

A justiça divina porém é implacável e, nos casos de maior comprometimento, a criança pode passar por sofrimentos físicos e/ou espirituais em sua infância. O protetor espiritual da criança só pode isentá-la até o limite que seu merecimento possui (falaremos mais sobre esse merecimento logo abaixo).

A criança pode receber emissões negativas de energia de duas formas:

1. Os pais podem viver em um ambiente que não segue as leis de amor e bondade, ou, em grande desavença conjugal, emitindo assim energias negativas. Pode-se também ter um terceiro elemento, externo, que deseja mal ou inveja a família e emite energias nocivas para seu ambiente doméstico. Os pais podem estar harmonizados e em paz, por isso repelem as emissões, contudo, a criança, que se encontra mais frágil no contato espiritual pode se ressentir. Por isso é importante realizar o Evangelho no Lar, para que TODO O LAR esteja protegido e não somente as pessoas.

2. A criança tem ligações karmicas, ou seja, existe um compromisso desse espírito reencarnante com outros espíritos que ainda não conseguiram se libertar do mundo físico.
Pode ocorrer dos espíritos "encontrarem" o seu antigo adversário, e se inicia a obsessão, logo na infância.

Alguns espíritos por merecimento são protegidos durante a infância, não permitindo o anjo tutelar que seus obsessores o pertubem. Como entender isso, o que é o merecimento espiritual de uma criança? Ela possui ligações karmicas?

Interessante esse assunto e fui entender um pouco mais em um livro de André Luiz. Funciona da seguinte maneira, conforme a atuação do espírito após a sua última encarnação, enquanto ele se encontrava na erraticidade (plano astral), mais benefícios e "pequenas" facilidades ele encontra para sua nova prova, uma dessas facilidades é encontrar com seus verdugos em idade mais madura, com a formação moral, intelectual e emocional mais desenvolvida. Os méritos adquiridos pelo trabalho em favor do próximo enquanto estava desencarnado permitem ao espírito maior preparo para enfrentar as provas e resgatar os débitos.

Existem casos de tamanho ódio entre espíritos obsessores e reencarnates, que a espiritualidade "esconde" os espíritos, sob um corpo atrofiado mental e físico para que os adversários não o encontrem.

Retiramos um trecho interessante do livro Sexo e Obsessão, de Divaldo Franco pelo espírito Manoel Miranda.

"Continuamos naquele recinto e, como era a primeira vez que tinha oportunidade de encontrar-me em um Escola para crianças, pude observar que todas eram acompanhadas por Espíritos, algumas felizes, e não poucas por Entidades cruéis que, desde cedo, intentavam perturbá-las, vinculando-se-lhes psiquicamente. Diversas podiam situar-se no diagnóstico de obsidiadas, tão estreito era já o conúbio mental entre os desencarnados e elas...

Sabemos que a criança é sempre um Espírito velho, que conduz muitas experiências evolutivas, embora a forma em que se apresenta. Não obstante, nesse período de infância sempre recebe maior apoio, a fim de que não haja prejuízos e impedimentos ao processo reencarcionista que está empreendendo. Como se explicam, então, esses processos obsessivos que ora defrontamos?

... muitos processos de obsessão têm o seu início fora do corpo físico, quando os calcetas e rebeldes, os criminosos e viciados reencontram suas vítimas no Além-Túmulo, que se lhes imantam, nos tentames infelizes e de resultados graves me diversas formas de obsessões. A obsessão na infância muitas vezes é continuidade da ocorrência procedente da Erraticidade. Sem impedir o processo da reencarnação, essa influência perniciosa acompanha o período infantil de desenvolvimento, gerando graves dificuldades no relacionamento entre filhos e pais, alunos e professores, e na vida social saudável entre coleguinhas. Irritação, agressividade, indiferença emocional, perversidade, obtusão de raciocínio, enfermidades físicas e distúrbios psicológicos fazem parte das síndromes perturbadoras da infância, que têm suas nascentes na interferência de Espíritos perversos uns, traiçoeiros outros, vingativos todos eles...

Os fármacos ou neurolépticos conseguem, muitas vezes, auxiliar os neurônios na execução das sinapses, bloqueando as interferências espirituais, porém por pouco tempo.
E não terá ela – voltei interrogar – a proteção do seu anjo da guarda, que contribua para impossibiltar a obsessão ?

É certo que sim – respondeu, gentil. – Sucede, porém, que os débitos contraídos são muito graves, e a misericórdia divina já vem amparando-a, sendo a reencarnação o melhor instrumento para a sua reparação.... Ninguém caminha a sós e, por isso mesmo, na conjuntura aflitiva em que a menina se debate, o seu Espírito protetor muitas vezes impede que seja arrastada pelo seu algoz para as regiões mais infelizes em que se situa, nos períodos do parcial desdobramento pelo sono físico, dificultando-lhe o domínio quase total que teria sobre as suas faculdades mentais e os seus sentimentos de afetividade e de comportamento.”



6. Obsessão Sexual

A obsessão pelo sexo não é muito diferente das outras formas que estudamos, contudo, devido ao imenso sofrimento que o sexo desvirtuado impõe aos espíritos encarnados e desencarnados, decidimos criar um tópico para aprofundar esse tema.

A obsessão sexual geralmente se inicia através do desvio de comportamento sexual da vítima, que com isso abre brechas para que os obsessores se aproximem e comecem a "preparar o terreno" para vampirização e exploração.

Vamos definir superficialmente "desvio de comportamento sexual": Não engloba somente aquele que pratica atos desequilibrados, PENSAMENTOS extremamente sensuais são alimento para atrair a atenção dos obsessores, que tudo farão para estimular os seus desejos não tão secretos (lembre que os espíritos tem acesso aos nossos pensamentos).

Um ponto importante na obsessão sexual é que nem sempre existem vínculos criados em vidas anteriores, às vezes o obsessor conhece a sua vítima em algum local por ele freqüentado, havendo sintonia entre os dois começa o assédio do obsessor, que encontra livre acesso nas mentes desguarnecidas de pensamentos elevados.

Por isso é muito importante tomar cuidado com o lugar que se freqüenta e caso não seja possível evitar a visita é bastante prudente entrar em prece. Todos os lugares onde a energia sensual é dominante existem obsessores sexuais SEDENTOS por absorverem as sensações dos encarnados.

Podemos citar os motéis, boates onde se pratica o streaptease ou relações sexuais ao vivo, prostíbulos e também boates (o tipo de obsessor que vamos encontrar nas boates depende do tipo de vibração emitida por seus freqüentadores).

André Luiz no livro Sexo e Destino tem um ótimo exemplo do vampirismo sexual:

"Saiba você que na quinta noite de minha permanência aqui, notando Beatriz em aguda crise de sofrimento, diligenciei buscar meu genro para assisti-la em pessoa... E sabe onde o encontrei?

Nada de escritório, segundo a falsa informação que deixara em casa. Indignado, fui surpreendê-lo numa furna penumbrosa, em plena madrugada, junto da menina que você acaba de conhecer. Os dois unidos, qual marido e mulher. Champanha correndo e música lasciva. Entidades perturbadoras e perturbadas, jungidas ao corpo dos bailarinos, enquanto outras iam e vinham, a se inclinarem sobre taças, cujo conteúdo lábios entediados não haviam conseguido sorver totalmente.

Em recanto multicolorido, onde algumas jovens exibiam formas semi-nuas em coleios esquisitos, vampiros articulavam trejeitos, completando, em sentido menos digno, os quadros que o mau-gosto humano pretendia apresentar, em nome da arte.Tudo rasteiro, impróprio, inconveniente..."

A leitura constante de revistas pornográficas e vídeos pornôs também estimula os pensamentos desvirtuados do sexo, atraindo os obsessores que se afinizam com essas vibrações. Vemos que o principal alimento da obsessão sexual é o padrão vibratório e o tipo de pensamento e ações realizadas pelo encarnado.

O obsessor funciona com estopim, estimulando cada vez mais a degradação moral do encarnado e fazendo o possível para que ele nunca esteja satisfeito.

Carlos Torres Pastorino fala um pouco mais sobre a obsessão sexual no livro Técnicas da Mediunidade:

"Atingido através do chakra fundamental, que corresponde ao períneo do corpo astral, isto é, que fica localizado entre o ânus e os órgãos genitais.

Ligam-se aí os obsessores de vibração sexual e aqueles que além de absorverem a vitalidade
pelo chakra esplênico, sugando o prâna do baço, conseguem dobrar essa ligação com o fundamental, para extraírem energia vital das gônadas.

As vítimas desses obsessores tornam-se altamente sexuais e sensuais, insaciáveis nesse
campo, e sem qualquer freio que as retenha diante da satisfação entrevista para seus desejos
exacerbados ...

De modo geral as formas astrais desses espíritos é animalesca: larvas, lagartas,
aranhas, serpentes e até, quando em reuniões grupais, polvos. O movimento constante
dessas formas causa comichão nas partes sexuais, no ânus ou na vagina, onde penetram
para satisfazer-se. E essa movimentação leva a vítima a paroxismos de excitação nervosa,
que vai causar-lhe, com o tempo, profundo, mórbido e por vezes irreparável esgotamento
físico e nervoso, por uma irritabilidade constante e crônica ...

E é oportuno observar que muitos casos de homossexualismo (em ambos os sexos) se
deve a esse tipo de obsessão que, pela atuação continuada, desvia a sensibilidade dos canais
normais para outros setores, forçando a vítima a buscar satisfação por meios contrários à natureza.."

Muitas vítimas da obsessão sexual são atraídas durante o sono físico para colônias no plano astral inferior, onde os verdugos estimulam a alienação do obsediado, ampliando cada vez mais o seu controle sobre a vítima.

No livro Sexo e Obsessão, de Divaldo Franco, pelo espírito Manoel Miranda encontramos a seguinte referência a essa prática:

"- Os seus adversários espirituais encharcam-no de idéias pervertidas e desejos lúbricos insaciáveis, devairando-o. Fixando-se-lhe nos painéis mentais, telecomandam-no a distância, e quando se desprende pelo sono físico é atraído ou arrebatado para os sítios de vergonha e depravação, nos quais mais se acentuam os desbordamentos da paixão insana... "

Na colônia do astral inferior ele relata os seguintes acontecimentos:

"Num dos quadros dantescos, pudemos defrontar diversos Espíritos reecarnados, que seguiam jugulados aos seus algozes, prsos a coleiras com se fossem felinos esfaimados, babando ante o espetáculo que lhes aguçava os instintos grosseiros. ...

Figuras estranhas, com aspecto semelhante aos antigos seres mitológicos do panteão greco-romano, confundiam-se com muitos outros indivíduos extravagantes em complexas simbioses de vampirismo, carregando-se uns aos outros, acompanhando freneticamente um desfile de carros alegóricos...".



7. Obsessão de Médiuns e Trabalhadores da Luz

A obsessão de médiuns é um assunto interessante, já que muitos descobriram que eram médiuns através da obsessão. Com a interferência dos espíritos de baixo padrão eles compreenderam a importância de equilibrar suas vidas.

É importante falar um pouco sobre mediunidade para que este tópico não incorra em dúvidas ou interpretação errônea.

Todos somos médiuns, a prova disso é que todos podemos ser vítimas de obsessão, ou seja, qualquer um pode receber influências mentais ou emocionais de outro espírito. Os médiuns que trataremos mais amplamente aqui são aqueles que possuem a faculdade mediúnica "mais aflorada" que o normal, isto é, a espiritualidade "abre um pouco mais" as suas portas de contato com o o "outro lado" para que ele de alguma forma ajude na melhora dos seus irmãos (encarnados e desencarnados).

Ao contrário do que muitos pensam o médium é, na maioria das vezes, um espírito que ainda possui várias arestas que devem ser lapidadas, por isso ele pode falhar como qualquer outro.

A mediunidade é uma "oportunidade" para que o irmão resgate seus erros e compromissos anteriores de forma mais rápida. Pelo seu contato com a espiritualidade, sua preparação antes de encarnar e o estudo que GERALMENTE ele é estimulado a fazer, ele se torna mais "saudável" para as lutas, mas de forma alguma consegue extinguir as "tendências inferiores" que ainda vibram latentes, somente o trabalho incessante e a dedicação ao próximo poderão levá-lo ao fortalecimento necessário.

Porque escrevi isso tudo? Simples, porque os espíritos inferiores sabem disso, eles sabem das tendências inferiores da grande maioria dos médiuns, porque eles o estudam para saber seus pontos fracos.

Eles também sabem que sua mediunidade aflorada, quando aprimorada através de um desenvolvimento sério será útil aos espíritos superiores, que a utilizarão para esclarecer os necessitados e retirar muitos das sombras, o que atrapalha os planos das trevas.

Outro ponto importante é que a obsessão de médiuns IMPREVIDENTES que não oferecem resistência ao contato com o astral inferior, sofrendo facilmente a fascinação e posterior subjugação.

Muitos médiuns pensam que porque conseguiram vencer os obsessores no seu primeiro encontro e decidem entrar para um centro estão imunes às suas investidas, LEDO ENGANO!!! O que temos são tréguas, mas com certeza eles tentarão de formas diferentes tirá-lo do caminho de Jesus, quanto maior o alcance e mais importante o trabalho mediúnico, mais forte o assédio.

Por isso quanto maior o destaque do médium mais ele deve exercer os conselhos do Mestre, "Orar e Vigiar", ser humilde, menos orgulhoso e buscar sempre burilar as suas imperfeições.

A obsessão ao médium também pode se dar pelos outros motivos citados: vingança, vampirismo, etc.. , e como todos os outros deve reformular sua conduta para que se cure.

Trabalhar como médium não é a resposta para obsessão, ele primeiro deve se curar, entender as responsabilidades e compromissos da tarefa mediúnica e aceitar os ensinamentos de Jesus para que depois COMECE a PREPARAÇÃO para o trabalho.

Muitos se perguntam porque os mentores permitem que o médium seja obsediado, já que ele é responsável por zelar pelo seu pupilo. Cabe aqui explicar que o médium quando mergulha nos prazeres e sensações físicas, perde o contato com o seu mentor, que debalde tenta chamá-lo para realidade espiritual. Quantos conselhos são ignorados e quantos chamados são respondidos com sarcasmo? Os mentores nada podem fazer quando o médium que está a seus cuidados afunda na lama do mundo físico, pois por própria escolha ele entra em contato com os espíritos trevosos e se afasta da proteção e auxílio do mentor.

O mentor então espera até que o médium se canse, provando real desejo de renovação.

Nesse momento o mentor faz de tudo para encaminhá-lo a irmãos que educam e exemplificam nas leis do amor e da caridade.

Mas não pense que o caminho do médium é uma estrada florida só porque ele deciciu se aprimorar. Para se livrar dos algozes ele terá que mostrar muita força de vontade, contudo, o mesmo mal que o fez afundar será útil para construir a sua fortaleza interior, que um dia será utilizada para imunizá-lo contra as investidas das trevas.

Muitos médiuns que aparecem com sua mediunidade aflorada esquecem a necessidade do preparo intelectual, emocional e até físico. Muitos querem trabalhar, esquecendo dos impedimentos e dificuldades que aparecerão.

Uma boa parte desses médiuns acabam sendo influenciados por legiões de obsessores, que então os usam para práticas do mal e se tornam mercenários dos bens espirituais. É um quadro triste e doloroso, pois o médium será explorado durante a sua vida e após o seu desencarne, já que os espíritos que o atendiam se acham no direito de cobrar os "favores" realizados.

No livro Nos Domínios da Mediunidade, de Chico Xavier temos um bom exemplo de Mediunidade Transviada:

"Descera a noite totalmente, quando penetramos estreita sala, em que um círculo de pessoas se mantinha em oração.

Várias entidades se imiscuíam ali, em meio dos companheiros encarnados, mas em lamentáveis condições, de vez que pareciam inferiores aos homens e mulheres que se faziam componentes da reunião.

Apenas o irmão Cássio, um guardião simpático e amigo, de quem o Assistente nos aproximou, demonstrava superioridade moral.

Notava-se-lhe, de imediato, a solidão espiritual, porqüanto desencarnados e encarnados da assembléia não lhe percebiam a presença e, decerto, não lhe acolhiam os pensamentos.

Ante as interpelações do nosso orientador, informou, algo desencantado:

- Por enquanto, nenhum progresso, não obstante os reiterados apelos à renovação. Temos sitiado o nosso Quintino com os melhores recursos ao nosso alcance, mobilizando livros, impressos e conversações de procedência respeitável, no entanto, tudo em vão... O teimoso amigo ainda não se precatou quanto às duras responsabilidades que assume, sustentando um agrupamento desta natureza...

Aulus buscou reconfortá-lo com um gesto silencioso de compreensão e convidou-nos a observar.

Revestia-se o recinto de fluidos desagradáveis e densos.

Dois médiuns davam passividade a companheiros do nosso plano, os quais, segundo minhas primeiras impressões, jaziam convertidos em criados autênticos do grupo, assalariados talvez para serviços menos edificantes. Entidades diversas, nas mesmas condições, enxameavam em torno deles, subservientes ou metediças.

O fenômeno da psicofonia era ali geral.

Os sensitivos desdobrados se mantinham no ambiente, alimentando-se das emanações que lhes eram peculiares.
...
Aqueles homens e mulheres que se congregavam no recinto, com intenções tão estranhas, teriam coragem de pedir a companheiros encarnados os serviços que reclamavam dos Espíritos? Não estariam ultrajando a oração e a mediunidade para fugir aos problemas que lhes diziam respeito?

Não dispunham, acaso, de veneráveis conhecimentos para mobilizar o cérebro, a língua, os olhos, os ouvidos, as mãos e os pés, no aprendizado enobrecedor? Que faziam da fé? seria justo que um trabalhador relegasse a outros a enxada que lhe cabia suportar e mover na gleba do mundo?

Aulus registrou-me as reflexões amargas, porque, generoso, deu-se pressa em reconfortar-me:

- Um estudo atual de mediunidade, mesmo rápido quanto o nosso, não seria completo se não perquiríssemos a região do psiquismo transviado, onde Espiritos preguiçosos, encarnados e desencarnados, respiram em regime de vampirização recíproca. Aliás, constituem produto natural da ignorância viciosa em todos os templos da Humanidade. Abusam da oração tanto quanto menoscabam as possibilidades e oportunidades de trabalho digno, porqüanto espreitam facilidades e vantagens efêmeras para se acomodarem com a indolência, em que se lhes cristalizam os caprichos infantis.

- Mas, prosseguirão assim, indefinidamente? perguntei.

- André, sua dúvida está fora de propósito. Você possui bastante experiência para saber que a dor é o grande ministro da Justiça Divina. Vivemos a nossa grande batalha de evolução. Quem foge ao trabalho sacrificial da frente, encontra a dor pela retaguarda. O Espírito pode confiar-se à inação, mobilizando delituosamente a vontade, contudo, lá vem um dia a tormenta, compelindo-o a agitar-se e a mover-se para entender os impositivos do progresso com mais segurança. Não adianta fugir da eternidade, porque o tempo, benfeitor do trabalho, é também o verdugo da inércia.

Hilário, que refletia, silencioso, junto de nós, inquiriu preocupado:

- Por que se entregam nossos irmãos encarnados a semelhantes práticas de menor esforço? Há tantas lições de aprimoramento espiritual, há tantos apelos à dignificação da mediunidade, nas linhas doutrinárias do Espiritismo!... Por que o desequilíbrio?

Aulus pensou alguns instantes e redargüiu:

- Hilário, é imprescindível recordar que não nos achamos diante da Doutrina do Espiritismo. Presenciamos fenômenos mediúnicos, manobrados por mentes ociosas, afeiçoadas à exploração inferior por onde passam, dignas, por isso mesmo, de nossa piedade. E não ignoramos que fenômenos mediúnicos são peculiares a todos os santuários e a todas as criaturas. Quanto à preferência de nossos amigos pela convivência com os desencarnados ainda imensamente presos ao campo sensorial da vida física, incapazes ainda de mais ampla visão das realidades do Espírito, isso é compreensível na Terra. É sempre mais fácil ao homem comum trabalhar com subalternos ou iguais, porque, servir ao lado de superiores exige boa-vontade, disciplina, correção de proceder e firme desejo de melhorar-se. Sabemos que a morte não é milagre. Cada qual desperta, depois do túmulo, na posição espiritual que procurou para si... Ora, o homem vulgar sente-se mais à solta junto das entidades que lhe lisonjeiam as paixões, estimulando-lhe os apetites, de vez que todos somos constrangidos a educar-nos, na vizinhança de companheiros evolutidos, que já aprenderam deram a sublimar os próprios impulsos, consagrando-se à lavoura incessante do bem.

- Mas não será isso um abuso do homem encarnado? não será crime parasitar os desencarnados de condição inferior? — indagou Hilário.
- Isso não padece dúvida — confirmou o instrutor.
- E esse delito ficará impune?
Aulus fixou leve expressão de bom humor e respondeu:
- Não se preocupem demasiado. Quando o erro procede da ignorância bem-intencionada, a Lei prevê recursos indispensáveis ao esclarecimento justo no espaço e no tempo, porqüanto a genuína caridade, sob qualquer título, é sempre venerável. Entretanto, se o abuso é deliberado, não faltará corrigenda.
Vagueou o olhar sobre o diretor da assembléia e sobre os medianeiros que incorporavam os comunicantes e acrescentou:
- Teotônio e Raimundo, tanto quanto alguns outros desencarnados da posição deles, e que aqui se aglomeram, realmente são mais vampirizados que vampirizadores. Fascinados pelas requisições de Quintino e dos médiuns que lhe prestigiam a obra infeliz, seguem-lhes os passos, como aprendizes no encalço dos mentores aos quais se devotam. Na hipótese de não se reajustarem no bem, tão logo se desencarnem o dirigente deste grupo e os instrumentos medianímicos que lhe copiam as atitudes, serão eles surpreendidos pelas entidades que escravizaram, a lhes reclamarem orientação e socorro, e, mui provavelmente, mais tarde, no grande porvir, quando responsáveis e vitimas estiverem reunidos no instituto da consangüinidade terrestre, na condição de pais e filhos, acertando contas e recompondo atitudes, alcançarão pleno equilíbrio nos débitos em que se emaranharam.
Ante a nossa admiração silenciosa, o Assistente concluiu:
- Cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde."

Como contribuição de minha querida amiga Narcí copio o texto enviado por ela para complementar esse tópico:

"Embora muitos problemas obsessivos se devam a invigilância das vítimas, existem muitos casos de interferência espiritual negativa independente da invigilância. Muitos ataques são desferidos em direção a todos os que estão a serviço do Cristo, embora nesses casos, não haja uma situação permanente obsessiva. Sempre ocorre o auxílio dos mentores com o desligamento destas entidades usadas por magos negros com a finalidade de desestabilizar os trabalhadores da Luz".




8. Obsessão de Desencarnados

Os espíritos que não souberam honrar as virtudes e o amor, prejudicando a si e ao próximo estão sujeitos a obsessão após a morte. As informações que estaremos passando neste tópico só se aplicam aos moribundos que não possuem o merecimento para intercessão dos entes queridos, sendo então deixados a sua sorte, para que no sofrimento e na dor a crosta de vaidade e orgulho seja amolecida.

A obsessão de desencarnados é geralmente realizada pelas legiões de obsessores, que basicamente tem os seguintes objetivos:

Absorver a vitalidade ainda existente nos seus corpos.
Vinganças, torturas e maldades.
Para os que praticaram o mal eles podem achar que estão fazendo justiça com as próprias mãos, julgando os que praticaram maldade enquanto encarnados.
Hipnotizam e manipulam alguns, colocando-os junto a encarnados para desequilibrá-los e facilitar a execução de seus planos maldosos


Abaixo exemplificaremos cada um dos casos com trechos retirados dos livros de André Luiz, escritos por Chico Xavier.

8.1 Absorção de Vitalidade do recém-desencarnado

Missionários da Luz - Capítulo 11 – Intercessão

"Podemos seguir adiante. O pobre irmão, semi-inconsciente, permanece imantado a um grupo perigoso de vampiros, em lugarejo próximo ...

Semelhantes infelizes - elucidou Alexandre - abusam de recém-desencarnados sem qualquer defesa, como este pobre Raul, nos primeiros dias que se sucedem à morte física, subtraindo-lhes as forças vitais, depois de lhes explorarem o corpo grosseiro ...

O pobrezinho permanece temporariamente desmemoriado. O estado dele, depois de tão prolongada sucção de energias vitais, é de lamentável inconsciência.

Em face da minha estranheza, Alexandre acrescentou:
- Que deseja você? Esperaria por aqui o processo de menor esforço? O magnetismo do mal está igualmente cheio de poder, mormente para aqueles que caem voluntariamente sob os seus tentáculos."

Obreiros da Vida Eterna – Capitulo 15 – Aprendendo Sempre

"Nossa função, acompanhando os despojos — esclareceu ele, afávelmente —, não se verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais da libertação. Destina-se também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se compacta fileira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos vitais."



8.2 Julgamento de Desencarnados

Libertação – Capitulo 5 – Operações Seletivas

"Os julgadores, por sua vez, desceram, pomposos, dos tronos içados e tomaram assento numa espécie de nicho a salientar-se de cima, inspirando silêncio e temor, porque a turba inconsciente, em redor, calou-se de súbito.

Tambores variados rufaram, como se estivéssemos numa parada militar em grande estilo, e uma composição musical semi-selvagem acompanhou-lhes o ritmo, torturando-nos a sensibilidade.

Terminado aquele ruído, um dos julgadores se levantou e dirigiu-se à massa, aproximadamente nestes termos:
- Nem lágrimas, nem lamentos.
Nem sentença condenatória, nem absolvição gratuita.
Esta casa não pune, nem recompensa.
A morte é caminho para a justiça.
Escusado qualquer recurso à compaixão, entre criminosos.

Não somos distribuidores de sofrimento, e, sim, mordomos do Governo do Mundo.

Nossa função é a de selecionar delinqüentes, a fim de que as penas lavradas pela vontade de cada um sejam devidamente aplicadas em lugar e tempo justos.

Quem abriu a boca para vilipendiar e ferir, prepare-se a receber, de retorno, as forças tremendas que desencadeou através da palavra envenenada.

Quem abrigou a calúnia, suportará os gênios infelizes aos quais confiou os ouvidos.
Quem desviou a visão para o ódio e para a desordem, descubra novas energias para contemplar os resultados do desequilíbrio a que se consagrou, espontaneamente.

Quem utilizou as mãos em sementeiras de malícia, discórdia, inveja, ciúme e perturbação deliberada, organize resistência para a colheita de espinhos.

Quem centralizou os sentidos no abuso de faculdades sagradas espere, doravante, necessidades enlouquecedoras, porque as paixões envilecentes, mantidas pela alma no corpo físico, explodem aqui, dolorosas e arrasadoras. A represa por longo tempo guarda micróbios e monstros, segregados a distância do curso tranquilo das águas; todavia, chega um momento em que a tempestade ou a decadência surpreendem a obra vigorosa de alvenaria e as formas repelentes, libertadas, se espalhem e crescem em toda a extensão da corrente.

Seguidores do vício e do crime, tremei!
Condenados por vós mesmos, conservais a mente prisioneira das mais baixas forças da vida, à maneira do batráquio encarcerado no visco do pântano, ao qual se habituou no transcurso dos séculos!. .

Nesse ponto, o orador fêz pausa e reparei os circunstantes.
Olhos esgazeados pelo pavor jaziam abertos em todas as máscaras fisionômicas.
O juiz, por sua vez, não parecia respeitar o menor resquício de misericórdia. Mostrava-se interessado em criar ambiente negativo a qualquer espécie de soerguimento moral, estabelecendo nos ouvintes angustioso temor.
Prolongando-se o intervalo, enderecei com o olhar silenciosa interrogação ao nosso orientador, que me falou quase em segredo:

- O julgador conhece à saciedade as leis magnéticas, nas esferas inferiores, e procura hipnotizar as vítimas em sentido destrutivo, não obstante usar, como vemos, a verdade contundente.

- Não vale acusar a edilidade desta colônia - prosseguiu a voz trovejante -, porque ninguém escapará aos resultados das próprias obras, quanto o fruto não foge às propriedades da árvore que o produziu.

Amaldiçoados sejam pelo Governo do Mundo quem nos desrespeite as deliberações, baseadas, aliás, nos arquivos mentais de cada um.

Assinalando, intuitivamente, a queixa mental dos ouvintes, bradou, terrificante:

- Quem nos acusa de crueldade? Não será benfeitor do espírito coletivo o homem que se consagra à vigilância de uma penitenciária? e quem sois vós, senão rebotalho humano? Não viestes, até aqui, conduzidos pelos próprios ídolos que adorastes?

Nesse momento, convulsivo choro invadiu a muitos.

Gritos atormentados, rogativas de compaixão se fizeram ouvir. Muitos se prosternaram de joelhos.
Imensa dor generalizara-se.

Gúbio trazia a destra sobre o peito, como se contivesse o coração, mas, vendo por minha vez aquele grande grupo de espíritos rebelados e humilhados, orgulhosos e vencidos, lastimando amargamente as oportunidades perdidas, recordei meus velhos caminhos de ilusão e - porque não dizer? - ajoelhei-me também, compungido, implorando piedade em silêncio.
Exasperado, o julgador bradou, colérico:
- Perdão? Quando desculpastes sinceramente os companheiros da estrada? onde está o juiz reto que possa exercer, impune, a misericórdia?
E incidindo toda a força magnética que lhe era peculiar, através das mãos, sobre uma pobre mulher que o fixava, estarrecida, ordenou-lhe com voz soturna:
- Venha! venha!

Com expressão de sonâmbula, a infeliz obedeceu à ordem, destacando-se da multidão e colocando-se, em baixo, sob os raios positivos da atenção dele.

- Confesse! confesse! — determinou o desapiedado julgador, conhecendo a organização frágil e passiva a que se dirigia.
A desventurada senhora bateu no peito, dando-nos a impressão de que rezava o “confiteor” e gritou, lacrimosa:
- Perdoai-me! perdoai-me, ó Deus meu!
E como se estivesse sob a ação de droga misteriosa que a obrigasse a desnudar o íntimo, diante de nós, falou, em voz alta e pausada:

- Matei quatro filhinhos inocentes e tenros... e combinei o assassínio de meu intolerável esposo... O crime, porém, é um monstro vivo. Perseguiu-me, enquanto me demorei no corpo...
Tentei fugir-lhe através de todos os recursos, em vão... e por mais buscasse afogar o infortúnio em "bebidas de prazer", mais me chafurdei no charco de mim mesma...
De repente, parecendo sofrer a interferência de lembranças menos dignas, clamou:
- Quero vinho! vinho! prazer!...

Em vigorosa demonstração de poder, afirmou, triunfante, o magistrado:
- Como libertar semelhante fera humana ao preço de rogativas e lágrimas?
Em seguida, fixando sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar, asseverou, peremptório:

- A sentença foi lavrada por si mesma! não passa de uma loba, de uma loba...
A medida que repetia a afirmação, qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição do irracional mencionado, notei que a mulher, profundamente influenciável, modificava a expressão fisionômica. Entortou-se-lhe a boca, a cerviz curvou-se, espontânea, para a frente, os olhos alteraram-se, dentro das órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto.

Via-se, patente, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico.
Em voz baixa, procurei recolher o ensinamento de Gúbio, que me esclareceu num cicio:

- O remorso é uma bênção, sem dúvida, por levar-nos à corrigenda, mas também é uma brecha, através da qual o credor se insinua, cobrando pagamento. A dureza coagula-nos a sensibilidade durante certo tempo; todavia, sempre chega um minuto em que o remorso nos descerra a vida mental aos choques de retorno das nossas próprias emissões.

E acentuando, de modo singular, a voz quase imperceptível, acrescentou:
- Temos aqui a gênese dos fenômenos de licantropia, inextricáveis, ainda, para a investigação dos médicos encarnados. Lembras-te de Nabucodonosor, o rei poderoso, a que se refere a Bíblia? Conta-nos o Livro Sagrado que ele viveu, sentindo-se animal, durante sete anos. O hipnotismo étão velho quanto o mundo e é recurso empregado pelos bons e pelos maus, tomando-se por base, acima de tudo, os elementos plásticos do perispírito.
Notando, porém, que a mulher infeliz prosseguia guardando estranhos caracteres no semblante perguntei:

- Esta irmã infortunada permanecerá doravante em tal aviltamento da forma?
Finda longa pausa, o Instrutor informou, com tristeza:
- Ela não passaria por esta humilhação se não a merecesse. Além disso, se se adaptou às energias positivas do juiz cruel, em cujas mãos veio a cair, pode também esforçar-se intimamente, renovar a vida mental para o bem supremo e afeiçoar-se à influenciação de benfeitores que nunca escasseiam na senda redentora. Tudo, André, em casos como este, se resume a problema de sintonia. Onde colocamos o pensamento, aí se nos desenvolverá a própria vida."



8.3 Hipnose

Nos Domínios da Mediunidade

"Abeiramo-nos de triste companheiro, de macilenta expressão fisionômica, e Hilário, num impulso todo humano, perguntou-lhe:
- Amigo, como te chamas?
- Eu? - tartamudeou o interpelado.
E, num esforço tremendo e inútil para recordar-se de alguma coisa, ajuntou:
- Eu não tenho nome...
- Impossível!... — considerou meu colega, dominado de espanto - todos temos um nome.
- Esqueci-me, esqueci-me de tudo... - comentou o infeliz, desoladoramente.
- É um caso de amnésia a estudar - aclarou o companheiro da equipe de trabalho que visitávamos.
- Fenômeno natural? - interrogou Hilário, perplexo.
- Sim, pode ser natural, em razão de algum desequilíbrio trazido da Terra, mas é possível que o nosso amigo esteja sendo vítima de vigorosa sugestão pós-hipnótica, partida de algum perseguidor de grande poder sobre os seus recursos mnemônicos. Encontra-se ainda profundamente imantado às sensações físicas e a vida cerebral nele ainda é uma cópia das linhas sensoriais que deixou. Assim considerando, é provável esteja submetido ao império de vontades estranhas e menos dignas, às quais se teria associado no mundo.
- Céus! - clamou meu colega impressionado — é possível semelhante dominação depois da morte?
- Como não? a morte é continuação da vida, e na vida, que é eterna, possuimos o que buscamos.
Atento aos nossos estudos da mediunidade, observei:
- Se o nosso amigo desmemoriado for conduzido ao aparelho mediúnico, manifestar-se-á, acaso, assim, ignorando a identidade que lhe é própria?
- Perfeitamente. E precisará de tratamento carinhoso como qualquer alienado mental comum. Exprimindo-se por algum médium que lhe dê guarida, será para qualquer doutrinador terrestre o mesmo enigma que estamos presenciando."



8.4 Vinganças

Sexo e Obsessão – Divaldo Pereira Franco

"... Abençoada pela desencarnação, foi recolhida por execrando comparsas que a aprisionaram, desvitalizando-a através de vampirização contínua e de escabrosidades inimagináveis."



9. Obsessão de Suicidas

Os suicidas podem ser obsediados ou utilizados como fonte de desequilíbrio para a vítima encarnada. As emanações de suicidas são extremamente desagradáveis e podem pertubar bastante um encarnado se ficarem próximos a eles.

É difícil imaginar (porém não impossível) um suicida conseguir sozinho obsediar alguém, seu campo mental e emocional ficam totalmente desequilibrados. Ele vive o ato do seu crime constantemente, como que hipnotizado.

As energias do suicida são tão desequilibradas que a espiritualidade recolhe esses irmãos para um local apropriado, evitando que os encarnados entrem em contato com essas energias extremamente nocivas. Os lugares para onde eles são levados são conhecidos na literatura como Vale dos Suicidas, que nada mais é que uma região no Astral Inferior destinada ao expurgo.

Retiramos um trecho do livro Memórias de um Suicida, de Yvonne Pereira:

"Nas peripécias que o suicida entra a curtir depois do desbarato que prematuramente o levou ao túmulo, o Vale Sinistro apenas representa um estágio temporário, sendo ele para lá encaminhado por movimento de impulsão natural, com o qual se afina, até que se desfaçam as pesadas cadeias que o atrelam ao corpo físicoterreno, destruído antes da ocasião prevista pela lei natural. ...

Nossa qualidade de suicidas, cuja aura virulada por irradiações inferiores poderia levar a perturbação e o desgosto às pobres criaturas encarnadas das quais nos aproximássemos, ou delas receber influenciações prejudiciais ao delicado tratamento a que éramos submetidos, inibia-nos permanecer em quaisquer recintos habitados ou visitados por almas encarnadas."

Existem legiões de obsessores que se aproveitam de suicidas que não tem o "pequeno merecimento" (haja visto o sofrimento que passam) de serem amparados pelas legiões de benfeitores, que encaminham-nos para os Vales.

Esses grupos vampirizam as energias vitais do suicida, torturam-no e o utilizam para obsediar encarnados.

Os suicidas possuem seu corpo astral impregnado da matéria fluídica, já que exterminaram-no prematuramente, rompendo abruptamente os laços entre o corpo físico e os corpos superiores.

Os obsessores muito se interessam por vampirizar essas energias. Do livro Memórias de um Suicida retiramos o seguinte trecho:

"Será preciso que se desagreguem dele as poderosas camadas de fluidos vitais que lhe revestiam a organização física, adaptadas por afinidades especiais da Grande Mãe Natureza à organização astral, ou seja, ao perispírito, as quais nele se aglomeram em reservas suficientes para o compromisso da existência completa; que se arrefeçam, enfim, as mesmas afinidades, labor que na individualidade de um suicida será acompanhado das mais aflitivas dificuldades, de morosidade impressionante, para, só então, obter possibilidade vibratória que lhe faculte alívio e progresso".

Os obsessores também podem ligar o suicida a uma pessoa que desejam obsediar, vampirizar ou destruir. As emanações do suicida vão minando a resistência psíquica do encarnado, além, de vivenciar as sensações de um suicídio e compartilhar do desejo de se matar.

Fechamos esse tópico com a explicação dada no livro Memórias de um Suicida sobre os obsessores dos suicidas:

"Por exemplo: - Existem almas de suicidas que não chegam a ingressar no Vale por vias naturais. Ingressar ali já será estar o delinqüente mais ou menos amparado, porque sob nossa assistência e vigilância, embora oculta, registrado nos assentamentos da Colônia como candidato a futura hospitalização. Há no entanto aqueles que são aprisionados, ou seduzidos e desencaminhados, antes de atingirem o Vale, por maltas de obsessores, que, às vezes, também foram suicidas, ou mistificadores, entidades perversas e criminosas, cujo prazer é a prática de vilezas, escória do mundo invisível desnorteada pelas próprias maldades, que continuam vivendo na Terra ao lado dos homens, contaminando a sociedade e os lares terrenos que lhes não oferecem resistência através da vigilância dos bons pensamentos e prudentes ações, infelicitando criaturas incautas que lhes fornecem acesso com a própria inferioridade moral e mental! Se escravizado por semelhante horda, o suicida entra a experimentar torturas à frente das quais os acontecimentos verificados no Vale - que são o resultado lógico do ato de suicídio - pareceriam meros gracejos!

Porque não disponham de poderes espirituais verdadeiros, esses infelizes, que vivem divorciados da luz do Bem e do Amor ao próximo, aquartelam-se, geralmente, em locais pavorosos e sinistros da própria Terra, - afinados com seus estados mentais, tais como o seio das florestas tenebrosas, catacumbas abandonadas dos cemitérios, cavernas solitárias de montanhas muitas vezes desconhecidas dos homens e até antros sombrios de rochedos marinhos e crateras de vulcões extintos.

Hipócritas e mentirosos, fazem crer às suas vítimas serem tais regiões obras suas, construídas pelo poder de suas capacidades, pois invejam as Colônias regeneradoras dirigidas pelas entidades iluminadas, e, aprisionando-as, torturam-nas por todas as formas, desde a aplicação dos maus tratos "físicos" e da obscenidade, até a criação da loucura para suas mentes já incendidas pela profundidade dos sofrimentos que lhes eram pessoais; infligem-lhes suplícios, finalmente, cuja concepção ultrapassa a possibilidade de raciocínio das vossas mentes, e cuja visão não suportaríeis por ainda serdes demasiadamente fracos para vos isolardes das pesadas sugestões que sobre vós cairiam, capazes de vos levarem a adoecer!”




10. Obsessão de Encarnado para Desencarnado e de Encarnado para Encarnado

A obsessão não ocorre somente do desencarnado para o encarnado, ela pode também partir do encarnado.

Muitos irmãos que ainda se encontram no corpo físico podem se vincular de tal forma a espíritos desencarnados que passam a exigir sua presença. O espírito desencarnado pode então entrar em desequilíbrio e a atração chega a um ponto onde não sabemos quem é a vítima e quem é o verdugo...

No livro Nos Domínios da Mediunidade temos um ótimo exemplo:

"Alcançáramos o leito simples em que Libério, de olhar esgazeado, se mostrava distante de qualquer interesse pela nossa presença.

Enxergava-nos, impassível.
Exibia o semblante dos loucos, quando transfigurados por ocultas flagelações.
Um dos guardas veio até nós e comunicou a Abelardo que o doente trazido à internação denotava crescente angústia.
Aulus auscultou-o, paternalmente, e, em seguida, informou:

- O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. E’ um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe.

- Temos então aqui - aleguei - um símile perfeito do que verificamos comumente na Terra, nos setores da mediunidade torturada. Médiuns existem que, aliviados dos vexames que recebem por parte de entidades inferiores, depressa como que lhes reclamam a presença, religando-se a elas automaticamente, embora o nosso mais sadio propósito de libertá-los.

- Sim - aprovou o orientador -, enquanto não lhes modificamos as disposições espirituais, favorecendo-lhes a criação de novos pensamentos, jazem no regime da escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros. Temem a separação, pelos hábitos cristalizados em que se associam, segundo os princípios da afinidade, e daí surgem os impedimentos para a dupla recuperação que lhes desejamos.
O doente fizera-se mais angustiado, mais pálido.
Parecia registrar uma tempestade interior, pavorosa e incoercível.

- Tudo indica a vizinhança da irmã que se lhe apoderou da mente. Nosso companheiro se revela mais dominado, mais aflito...
Mal acabara o orientador de formular o seu prognóstico e a pobre mulher, desligada do corpo físico pela atuação do sono, apareceu à nossa frente, reclamando feroz:

- Libório! Libório! por que te ausentaste? Não me abandones! Regressemos para nossa casa! Atende, atende!...
- Que vemos? - exclamou Hilário, intrigado.
- Não será esta a criatura que o serviço desta noite pretende isolar das más influências?
E porque o orientador respondesse de modo afirmativo, meu colega continuou:
- Deus de bondade! mas não está ela interessada no reajustamento da própria saúde? não roga socorro à instituição que freqUenta?

- Isso é o que ela julga querer - explicou Aulus, cuidadoso -, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente. Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfermidades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas, na qual se comprazem. Isso acontece na maioria dos fenômenos de obsessão. Encarnados e desencarnados se prendem uns aos outros, sob vigorosa fascinação mútua, até que o centro de vida mental se lhes altere. É por esse motivo que, em muitas ocasiões, as dores maiores são chamadas a funcionar sobre as dores menores, com o objetivo de acordar as almas viciadas nesse gênero de trocas inferiores.

A esse tempo, a recém-chegada conseguira abeirar-se mais intimamente de Libório, que passou a demonstrar visível satisfação. Sorria ele agora à maneira de uma criança contente.
Identificando, porém, a presença de Dona Celina, a infeliz bradou, colérica:

- Quem é esta mulher? dize! dize!...
Nossa abnegada amiga avançou para ela com simplicidade e implorou:
- Minha irmã, acalme-se! Libório está fatigado, enfermo! Ajudemo-lo a repousar!...

A interlocutora não lhe suportou o olhar doce e benigno e, longe de reconhecer a prestimosa médium do grupo a que se associara, enceguecida de ciúme, gritou para o enfermo palavras amargas, que não seria licito reproduzir, e abandonou o recinto, em desabalada carreira.
Libório mostrou evidente contrariedade. Áulus, contudo, aplicou-lhe passes, restituindo-lhe a calma.
Em seguida, o Assistente nos disse, amorável:

- Como vemos, a Bondade Divina é tão grande que até os nossos sentimentos menos dignos são aproveitados em nossa própria defesa. O despeito da visitante, encontrando Celina junto do enfermo, dar-nos-á tréguas valiosas, de vez que teremos algum tempo para auxiliá-lo nas reflexões necessárias. Quando acordar no corpo carnal, pela manhã, nossa pobre amiga lembrar-se-á vagamente de haver sonhado com Libório, ao lado de uma companheira, pintando um quadro de impressões a seu bel-prazer, porqüanto cada mente vê nos outros aquilo que traz em si mesma.
Abelardo estava satisfeito. Acariciava o doente, antevendo-lhe as melhoras.
Hilário, semi-espantado, considerou:
- O que me assombra é reconhecer o serviço incessante por toda a parte. Na vigilia e no sono, na vida e na morte..."

Também existe a obsessão entre encarnados. Esta pode ocorrer durante a vigília e também durante o sono físico.
A causa de tais perseguições podem variar entre paixão não correspondida, vingança, inveja e até ciúme.



11. Possessão

Allan Karde define a possessão no livro A Gênese:

"Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade. Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. (Cap. XI, nº 18. )De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra; quem o haja conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
....
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo.Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, já por estrangulação, já atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema,injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa.São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras conseqüências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causaoriginária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misériashumanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor domal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência."

No livro Missionários da Luz temos um exemplo de Possessão.

"... passei a observar a senhora, ainda jovem, que se mostrava sob irritação forte, no recinto, preocupando os amigos encarnados. Diversos perseguidores, invisíveis à perquirição terrestre, mantinham-se ao lado dela, impondo-lhe terríveis perturbações, mas de todos eles sobressaia um obsessor infeliz, de maneiras cruéis. Colara-se-lhe ao corpo, em toda a sua extensão, dominando-lhe todos os centros de energia orgânica. Identificava a luta da vitima, que buscava resistir, quase inutilmente. Meu bondoso orientador percebeu-me a estranheza e explicou:
- Este, André, representa um caso de possessão completa.

E, dirigindo-se ao intérprete que argumentava momentos antes, recomendou-lhe estabelecer ligeiro diálogo com o perseguidor temível, para que eu ajuizasse quanto ao assunto.
Sentindo-se tocado pela destra carinhosa do nosso companheiro, o infortunado gritou:
- Não! Não! Não me venha ensinar o caminho do Céu! Conheço minha situação e ninguém pode deter o meu braço vingador!...
- Não desejamos forçá-lo, meu irmão - acentuou o amigo com serenidade evangélica -, tranqüilize-se! Enquanto alimentar propósitos de vingança, será castigado por si mesmo. Ninguém o molesta, senão a própria consciência; as algemas que o prendem à inquietude e à dor foram fabricadas pelas suas próprias mãos!
- Nunca! - bradou o desventurado - nunca! E ela? O Fez acompanhar a pergunta de horrível expressão e continuou:
- O senhor que prega a virtude justifica a escravidão de homens livres? Acredita no direito de construir senzalas para humilhar os filhos do mesmo Deus? Esta mulher foi perversa para nós todos. Além de meu esforço vingador, vibram de ódio outros corações que não a deixam descansar. Persegui-la-emos onde for.
Esboçou um gesto sinistro e prosseguiu:
- Por simples capricho, ela vendeu minha esposa e meus filhos! Não é justo que sofra até que mos restitua? Será crível que Jesus, o Salvador por excelência, aplaudisse o cativeiro?

O nosso intérprete, muito calmo, obtemperou: - O Mestre não aprovaria a escravidão; contudo, meu amigo, recomendou-nos o perdão recíproco, sem o qual nunca nos desvencilharemos do cipoal de nossas faltas. Qual de nós, antigos hóspedes da carne, conseguirá exibir um passado sem crimes? Neste momento, seus olhos revelam a culpa de uma irmã infeliz. Sua alma, entretanto, meu irmão, permanece desvairada pelo furacão da revolta. Sua memória está conseqüentemente desequilibrada e ainda não pode reapossar-se das lembranças totais que lhe dizem respeito. Não lhe sendo possível recordar o pretérito, com exatidão, não seria mais razoável esperar, em seu caso, pelo Justo Juiz? Como julgar e executar alguém, pelas próprias mãos, se ainda não pode avaliar a extensão dos seus próprios débitos?

O revoltado parecia chocar-se ante os argumentos ouvidos, mas, longe de capitular em sua posição de perseguidor, respondeu asperamente:
- Para os mais fracos, suas observações serão valiosas. Não para mim, porém, que conheço as sutilezas dos pregadores de sua esfera. Não abandonarei meus propósitos. Minha situação não se resolverá com simples palavras.
Nosso companheiro, compreendendo O endurecimento do antagonista e apiedando-se-lhe da ignorância, continuou, em tom fraterno:

- Não se trata de sutileza e sim de bom senso. Aliás, não desejo retirar-lhe as razões de natureza individualista, mesmo porque vigorosos laços unem-lhe a influenciação à mente da vitima. Entretanto, apelo para os sentimentos nobres que ainda vibram em seu coração, fazendo-lhe reconhecer que, sem as desculpas recíprocas, não liquidaremos nossos débitos. Em geral, o credor exigente é cego para com os próprios compromissos. A sua reclamação, na essência, deve ser legitima; no entanto, é estranhável o seu processo de cobrança, no qual não descubro qualquer vantagem, visto que suas atividades de vingador, além de aprofundar suas chagas intimas, tornam-no antipático aos olhos de todos os companheiros.

Ferido talvez, mais fundamente, em sua vaidade, o obsessor calou-se, enquanto o intérprete se voltava para nós outros, indagando de meu orienta dor quanto à conveniência de ajudar-se magneticamente ao infeliz, a fim de que as reminiscências dele pudessem abranger alguns quadros do passado distante.

Alexandre, todavia, considerou:
- Não seria oportuno dilatar-lhe as lembranças. Não conseguiria compreender. Antes de maior auxílio ao seu entendimento, é necessário que sofra. Aproveitando a pausa mais longa que se fizera entre todos, observei detidamente a pobre obsidiada. Cercada de entidades agressivas, seu corpo tornara-se como que a habitação do perseguidor mais cruel. Ele ocupava-lhe o organismo desde o crânio até os pés, impondo-lhe tremendas reações em todos os centros de energia celular. Fios tenuissimos, mas vigorosos, uniam-nos ambos, e, ao passo que o obsessor nos apresentava Um quadro psicológico de satânica lucidez, a desventurada mulher mostrava aos colaboradores encarnados a imagem oposta, revelando angústia e inconsciência.

- «Salvem-me do demônio! Salvem-me do demônio! - gritava sem cessar, comovendo os companheiros em torno da mesa humilde - oh! Meu Deus, quando terminará meu suplicio?»
Olhos desmesuradamente abertos, como a fixar os inimigos invisíveis à observação comum, bradava angustiosamente, após ligeiros instantes de silêncio: - «Chegaram todos do inferno! Estão aqui! Estão aqui! Ai! Ai!»
Seus gemidos semelhavam-se a longos silvos estertorosos.
Atendendo-me à expectação, esclareceu o instrutor:
- Esta jovem senhora apresenta doloroso caso de possessão. Desde a infância, era perseguida pelos adversários tenazes de outro tempo. Na vida de solteira, porém, no ambiente de proteção dos pais, ela conseguiu, de algum modo, subtrair-se à integral influenciação dos inimigos persistentes, embora Lhes sentisse a atuação de maneira menos perceptível. Sobrevindo, no entanto, as responsabilidades do matrimônio, em que, na maioria das vezes, a mulher recebe maior quinhão de sacrifícios, não pôde mais resistir. Logo após o nascimento do primeiro filhinho, caiu em prostração mais intensa, oferecendo oportunidade aos desalmados perseguidores e, desde então, experimenta penosas provas."

No livro Nos Domínios da Mediunidade temos outro exemplo de possessão.

"Atendendo às recomendações do supervisor, os guardas admitiram a passagem de uma entidade evidentemente aloucada, que atravessou, de chofre, as linhas vibratórias de contenção, vociferando, frenética: - Pedro! Pedro!... Parecia ter a visão centralizada no doente, porque nada mais fixava além dele. Alcançando o nosso irmão encarnado, este, de súbito, desfecha um grito agudo e cai espetacular.
...
Pedro e o obsessor que o jugulava pareciam agora fundidos um no outro. Eram dois contendores engalfinhados em luta feroz. Fitando o companheiro encarnado mais detidamente, concluí que o ataque epiléptico, com toda a sua sintomatologia clássica, surgia claramente reconhecível. O doente trazia agora a face transfigurada por indefinível palidez, os músculos jaziam tetanizados e a cabeça, exibindo os dentes cerrados, mostrava-se flectida para trás, enquanto que os braços se assemelhavam a dois galhos de arvoredo, quando retorcidos pela tempestade.
...
- É a possessão completa ou a epilepsia essencial.
- Nosso amigo está inconsciente? – aventurou Hilário, entre a curiosidade e o respeito.
- Sim, considerando como enfermo terrestre, está no momento sem recursos de ligação com o cérebro carnal. Todas as células do córtex sofrem o bombardeio de emissões magnéticas de natureza tóxica. Os centros motores estão desorganizados.
Todo o cerebelo está empastado de fluidos deletérios. As vias do equilíbrio aparecem completamente perturbadas. Pedro temporariamente não dispõe de controle para governar-se, nem de memória comum para marcar a inquietante ocorrência de que é protagonista. Isso, porém, acontece no setor da forma de matéria densa, porque, em espírito, está arquivando todas as particularidades da situação em que se encontra, de modo a enriquecer o patrimônio das próprias experiências."





12. Técnicas de Obsessão

É impossível informar todos os tipos de artimanhas e técnicas utilizadas pelos irmãos obsessores, contudo, podemos citar algumas que foram encontradas em livros e também observadas durante as reuniões de desobsessão.

É muito importante entender que um obsessor não larga a vítima só porque essa vai ao centro espírita e muitas vezes o obsessor não pode ser desligado de abruptamente e nem levado diretamente para uma reunião de desobsessão. Os instrutores espirituais são prudentes e esperam o melhor momento para agir.

É importante ter paciência e entender o que os irmãos obsessores tudo fazem para não perderem suas vítimas.


12.1 Durante o Sono

Durante o sono o desencarnado pode arrastar o encarnado para regiões do astral inferior onde pode estender o seu domínio sobre a mente e as emoções da vítima.
Quando a vítima se desliga do corpo muitos obsessores a perseguem, fazendo-a relembrar dos erros cometidos, muitas vezes até agredindo-a. Muitos pesadelos são na verdade encontros com obsessores.

Também pode acontecer do obsessor se mostrar transformado em monstro ou até projetar imagens ou cenas tenebrosas para inspirar medo em sua vítima, tornando-a ainda mais frágil e suscetível de influência.



12.2 Obsessão a Distância

Quando foi estabelecida uma forte ligação entre o obsessor e a vítima é possível que a obsessão se faça parcialmente à distância. Os obsessores podem plasmar condensadores astrais que funcionam como acumuladores de vibrações inferiores, bombardeando constantemente a vítima. Estas técnicas são muito comuns nos feitiços realizados pelos conhecedores de magia negra.



12.3 Ligação de Entidades Infelizes e Inconscientes ao Obsediado

Essa é um prática muito comum realizada pelas legiões de obsessores.

São ligadas a vítima as seguintes categorias de espíritos:

- Espíritos desequilibrados que se encontram inconscientes.

- Suicidas.

- Ovóides (espíritos que perderam a forma).

- Desencarnados hipnotizados.

- Sangue-Sugas e outros elementos astrais que absorvem vitalidade

O obsessor desta forma fica ligado ao perispírito da vítima sem esforço, já que o próprio desequilíbrio dos irmãos vai, aos poucos, debilitando a aura da vítima.

Os ovóides e as sangue-sugas podem ser utilizados para absorver a vitalidade da vítima. Os obsessores aparecem de tempos em tempos para retirar a vitalidade armazenada e manter sua dominação sobre o obsediado.

Retiramos um exemplo do livro Libertação, de Chico Xavier:

"Dois desencarnados, de horrível aspecto fisionômico, inclinavam-se, confiantes e dominadores, sobre o busto da enferma, submetendo-a a complicada operação magnética. Essa particularidade do quadro ambiente dava para espantar. No entanto, meu assombro foi muito mais longe, quando concentrei todo o meu potencial de atenção na cabeça da jovem singularmente abatida. Interpenetrando a matéria espessa da cabeceira em que descansava, surgiam algumas dezenas de “corpos ovóides”, de vários tamanhos e de cor plúmbea, assemelhando-se a grandes sementes vivas, atadas ao cérebro da paciente através de fios sutilíssimos, cuidadosamente dispostos na medula alongada.

A obra dos perseguidores desencarnados era meticulosa, cruel.

Margarida, pelo corpo perispirítico, jazia absolutamente presa, não só aos truculentos perturbadores que a assediavam, mas também à vasta falange de entidades inconscientes, que se caracterizavam pelo veículo mental, a se lhe apropriarem das forças, vampirizando-a em processo intensivo.

Em verdade, já observara, por mim, grande quantidade de casos violentos de obsessão, mas sempre dirigidos por paixões fulminatórias. Entretanto, ali verificava o cerco tecnicamente organizado.

Evidentemente, as "formas ovóides" haviam sido trazidas pelos hipnotizadores que senhoreavam o quadro.

Com a devida permissão, analisei a zona física hostilizada. Reparei que todos os centros metabólicos da doente apareciam controlados. A própria pressão sanguínea demorava-se sob o comando dos perseguidores. A região torácica apresentava apreciáveis feridas na pele e, examinando-as, cuidadoso, vi que a enferma inalava substâncias escuras que não somente lhe pesavam nos pulmões, mas se refletiam, sobremodo, nas células e fibras conjuntivas, formando ulcerações na epiderme.

A vampirização era incessante. As energias usuais do corpo pareciam transportadas às "formas ovóides”, que se alimentavam delas, automàticamente, num movimento indefinível de sucção."



12.4 Hipnose

A hipnose do desencarnado sobre o encarnado pode ser melhor entendida como um livre acesso dos pensamentos e emoções do hipnotizador para o encarnado, que não oferece resistência, tendo as visões, desejos e até sensações emitidas.

Pensamento fixo em idéias de baixo teor e se concentrando no seu envio para o encarnado, assim o desencarnado emite poderosas energias, que somente podem ser freadas se o prejudicado tiver em seu coração as sementes do Evangelho.

Abaixo seguem alguns trechos que explicam um pouco mais sobre a hipnose realizada pelos obsessores:

Nos Domínios da Mediunidade – Capitulo 22 – Emersão no Passado

"É um problema complexo de fascinação. Nossa irmã permanece controlada por terrível hipnotizador desencarnado, assistido por vários companheiros que se deixaram vencer pelas teias da vingança. No ímpeto de ódio com que se lança sobre a infeliz, propõe-se humilhá-la, utilizando-se da sugestão. Não fosse o concurso fraternal que veio recolher neste santuário de prece, em transes como este seria vítima integral da licantropia deformante. Muitos Espíritos, pervertidos no crime, abusam dos poderes da inteligência, fazendo pesar tigrina crueldade sobre quantos ainda sintonizam com eles pelos débitos do passado. A semelhantes vampiros devemos muitos quadros dolorosos da patologia mental nos manicômios, em que numerosos pacientes, sob intensiva ação hipnótica, imitam costumes, posições e atitudes de animais diversos.

Ao passo que a doente gemia de estranho modo, amparada pelo esposo e por Raul, que se esmerava no auxílio, Hilário, espantado, indagou:
- Tão doloroso fenômeno é comum?
- Muito generalizado nos processos expiatórios em que os Espíritos acumpliciados na delinqUência descambam para a esfera vibratória dos brutos - esclareceu nosso orientador, coadjuvando em benefício da enferma, cujo cérebro prosseguia governado pelo insensível perseguidor como brinquedo em mãos de criança.

- E por que não separar de vez o algoz da vítima?
- Calma, Hilário! - ponderou o Assistente. Ainda não examinamos o assunto em sua estrutura básica. Toda obsessão tem alicerces na reciprocidade. Recordemos o ensinamento de nosso Divino Mestre. Não basta arrancar o joio. É preciso saber até que ponto a raiz dele se entranha no solo com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro. Não há dor sem razão. Atendamos, assim, à lei da cooperação, sem o propósito de nos anteciparmos à Justiça Divina"

12.5 Confundindo os Obsidiados

O obsessor faz de tudo para não deixar que o obsediado se ligue a grupos religiosos ou de auto-ajuda que acabarão afastando-o do domínio do verdugo.

Os obsessores confundem o obsediado quando alguém próximo tenta auxiliá-lo ou quando por vontade própria ele começa a freqüentar algum templo de ensinamentos elevados.
O obsessor causa problemas pessoais, impedimentos, desânimo, irritações, etc que desestimulem o obsediado.

Muitos irmãos relatam das dificuldades que têm de manter as rotinas de tratamento, sendo muitas vezes obrigados a faltar o encontro.

A solução é paciência e perseverança. Ninguém está desamparado, se existem espíritos que trabalham para que tudo dê errado, existem muitos outros que operam na esfera de Jesus e que jamais te negarão ajuda.

Abaixo seguem dois trechos retirados para exemplificar o que informamos:

Libertação – Chico Xavier, pelo Espírito André Luiz

"Reparei, através do halo de muita gente, que determinado número de frequentadores se esforçava por melhorar a atitude mental na oração. Reflexos arroxeados, tendendo a vacilante brilho, apareciam aqui e acolá; contudo, os malfeitores desencarnados propositadamente se postavam ao pé dos que se candidatavam à fé renovadora e reverente, buscando conturbá-los.
Não longe, fixei a atenção numa senhora que acompanhava o sacerdote com o manifesto desejo de receber a bênção celestial; os olhos úmidos e os tênues raios de luz, que se lhe projetavam da mente, diziam da sincera aspiração àvida superior que, naquele instante, lhe banhava o pensamento devoto; entretanto, dois transviados da esfera inferior, percebendo-lhe a esperança construtiva, tentavam anular-lhe a atenção e, segundo o que me foi permitido verificar, lhe sugeriam reminiscências de baixo teor, inutilizando-lhe a tentativa.

Voltei-me para o orientador, que prestimosa-mente explicou:
- A história de gênios satânicos, atacando os devotos de variados matizes, é, no fundo, absolutamente verdadeira. As inteligências pervertidas, incapazes de receber as vantagens celestes, transformam-se em instrumentos passivos das inteligências rebeladas, que se interessam pela ignorância das massas, com lastimável menosprezo pela espiritualidade superior que nos governa os destinos. A aquisição de fé, por isto mesmo, demanda trabalho individual dos mais persistentes. A confiança no bem e o entusiasmo de viver que a luz religiosa nos infunde modificam-nos a tonalidade vibratória. Lucramos infinitamente com a imersão das forças interiores no sublimado idealismo da crença santificante, a que nos afeiçoamos; todavia, o serviço real que nos cabe não se resume só a palavras. A profissão de fé não é tudo. A experiência da alma no corpo denso destina-se, de maneira fundamental, ao aprimoramento do indivíduo. É nos atritos da marcha que o ser se desenvolve, se apura e ilumina. Não obstante, a tendência dos crentes, em geral, é a de fugir aos conflitos da senda. Pessoas existem que depois de servirem ao ideal religioso, durante dois anos, pretendem o repouso de vinte séculos. Em todas as casas de fé, os mensageiros do Senhor distribuem favores e bênçãos compatíveis com as necessidades de cada um; entretanto, é imprescindível que se prepare o coração nas linhas do mérito, a fim de recolhê-los. Entre emissão e recepção, prevalece o imperativo da sintonia. Sem esforço preparatório, é impossível ambientar o benefício"

Nos Domínios da Mediunidade – Chico Xavier, pelo Espírito André Luiz

"Que ocorre, porém, quando os encarnados não prestam atenção aos ensinamentos ouvidos?
- Sem dúvida, passam pelos santuários da fé na condição de urnas cerradas. Impermeáveis ao bom aviso, continuam inacessíveis à mudança necessária.
- Mas este mesmo fenômeno se repete nas igrejas de outras confissões religiosas?
- Sim. A palavra desempenha significativo papel nas construções do espírito. Sermões e conferências de sacerdotes e doutrinadores, em variados setores da fé, sempre que inspirados no Infinito Bem, guardam o objetivo da elevação moral.

O Assistente meditou um instante e acrescentou:
- Entre os homens, porém, se não é fácil cultivar a vida digna, é muito difícil habilitar-se a criatura à morte libertadora. Comumente, desencarna-se a alma, sem que se lhe desagarrem os pensamentos, enovelados em situações, pessoas e coisas da Terra. A mente, por isso, continua encarcerada nos interesses quase sempre inferiores do mundo, cristalizada e enfermiça em paisagens inquietantes, criadas por ela mesma. Daí o valor do culto religioso respeitável, formando ambiente propício à ascensão espiritual, com indiscutíveis vantagens, não só para os Espíritos encarnados que a ele assistem, com sinceridade e fervor, mas também para os desencarnados, que aspiram à própria transformação. Todos os santuários, em seus atos públicos, estão repletos de almas necessitadas que a eles comparecem, sem o veículo denso, sequiosas de reconforto. Os expositores da boa palavra podem ser comparados a técnicos eletricistas, desligando «tomadas mentais», através dos princípios libertadores que distribuem na esfera do pensamento.

Sorriu bem-humorado e prosseguiu:
- Em razão disso, as entidades vampirizantes operam contra eles, muitas vezes envolvendo-lhes os ouvintes em fluidos entorpecentes, conduzindo esses últimos ao sono provocado, para que se lhes adie a renovação"


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Gustavo Martins
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SALVE DONA MARIA MOLAMBO

SALVE  DONA MARIA MOLAMBO
MINHA AMADA GUARDIÃ E ANJO DA MINHA VIDA!